sábado, 28 de novembro de 2009

ALAIN TOURAINE

Mestrando : Everson Carlos Andrade
Profª Dra. Margareth Anne Leister








de Alain Touraine :




UM NOVO PARADIGMA
Para conhecer o mundo hoje





O SUJEITO, OS MOVIMENTOS SOCIAIS E O INCONSCIENTE




Em todo o conflito e em todo o movimento social podemos ouvir um apelo à igualdade, à liberdade, à justiça e ao respeito por cada um . Essas palavras não são a cobertura reluzente que esconde as intrigas, os grupos de interesses e as traições.

Não há sujeito que não sofra com a desgraça os outros, que não reconheça o movimento social lá onde ele está, mesmo quando mascarado por estratégias de poder ou de concorrência. A modernidade emprega a esse propósito palavras fortes e justas, aquelas que se inscrevem no mármore ou no granito dos cemitérios e dos locais de memória, visto que muitas vezes o grito de revolta lançado num 2 de maio , só é escutado no 3 de maio, dia da execução dos resistentes. Quantas vezes o grito dos homens e das mulheres cheios de esperanças e cobertos de feridas não é ouvido por ninguém nas prisões ,nos campos de concentração ou de extermínio .

O sujeito levado por um movimento social é mais facilmente encontrado durante o crepúsculo, ao lusco-fusco, do que em pleno meio-dia; nos hospitais e nos cemitérios do que nos salões nobres do governo ou da oposição .Porque os movimentos sociais não pretendem integrar-se na sociedade, mas manter a distância que separa o sujeito e os seus direitos da maquinaria social e dos seus mecanismos de autocontrole.

O sujeito, levado ou não por um movimento social, manifesta-se na consciência do ator. Não se pode falar amais de adesão inconsciente a um movimento social do que de crenças religiosas inconscientes. Mas essa manifestação na consciência não significa que o sujeito ou o movimento estejam inteiros na consciência do ator. Primeiro porque a presença do sujeito está sempre recoberta , e mesmo escondida , por outros níveis de leitura das condutas e das atitudes. É mais fácil defender um salário ou reivindicar um ajustamento do horário de trabalho do que estar consciente da presença de uma luta de alcance geral. Mesmo que essa luta exista no espírito das pessoas concernidas, ela deverá ser isolada , para ser bem percebida,de outros tipos de expressão e de reivindicação.
Em geral são os acontecimentos históricos que revelam a existência de um conflito , de atores e os objetivos da oposição , Foi assim que as tensões com o mundo islâmico induziram algumas mulheres a assumirem posições feministas anti-islâmicas extremas, certamente latentes, mas que elas não tinham tido a oportunidade de formular com tal clareza.

Da mesma forma, as sociedades ricas pregam a ideologia do consumo cada vez mais intenso e diversificado, e , ao mesmo tempo, recalca a procura do prazer, a nossa sociedade reprime ou oculta a presença do sujeito. É no inconsciente que devemos procurar a vontade e ser sujeito. Não é arbitrário pensar-se , que os seres humanos tem necessidade de dar explicação da consciência que tem de si mesmos, porque podem refletir sobre si mesmos e exprimir os seus pensamentos por palavras.


VIZINHANÇA



O INDIVÍDUO SÓ SE CONSTRÓI COMO TAL, SÓ ADQUIRE AUTO-ESTIMA NA MEDIDA EM QUE RECEBA IMAGENS FAVORÁVEIS DE SI MESMO VINDAS DOS MEMBROS DA COMUNIDADE PRÓXIMA À QUAL ELE PERTENCE.

O indivíduo necessita ,para ser um sujeito, ser reconhecido pelos outros,o que supõe a ligação de todos à organização social e política, porque o fim principal dessa última é o reconhecimento de cada um como sujeito pelos outros

Podemos desejar uma comunidade de indivíduos livres, mas, face a uma organização social invadida pelo mercado, pela guerra e pela violência, é necessário preservar a independência do sujeito , mesmo que ela implique uma certa solidão; solidão dos resistentes perseguidos, do apaixonado, sempre incerto da resposta que espera , solidão do inventor e do investigador obrigado a sair do caminho traçado , solidão do adolescente que aprende a sair do lugar que lhe foi preparado e a reinventar o ambiente que ele próprio escolhe.

A sabedoria está em reconhecera necessidade de criar relações de reciprocidade e de reconhecimento mútuo, e sentir,com a mesma força a necessidade para o sujeito de se construir ele mesmo, de dar prioridade à descoberta de si mesmo,o que nunca se pode combinar inteiramente com um processo de integração social,mas, reclama a comunicação com os ¨ próximos ¨ .

O reconhecimento do outro é indispensável à criação de um espaço de liberdade, mas, ao mesmo tempo o poder e a violência nunca podem ser postos completamente à margem da nossa experiência de vida. Assim, o sujeito deve, sempre, para sobreviver,atacar ou evita a dominação que ele sofre.





O SUJEITO E A RELIGIÃO


O divino está longe do mundo humano, mas dá-lhe o seu sentido,enquanto o sagrado cria uma barreira que permite a alguns clérigos falarem em nome do divino e gerirem as comunicações entre os fiéis e o divino . Quanto mais próximos da modernidade, mais o sagrado entra no mundo temporal,até se confundir com um poder que desse modo recebe uma legitimidade superior .

Quanto mais avança a secularização, , mais recua e se especializa o mundo do sagrado , e mais o divino se aproxima de nós,a ponto de se redefinir historicamente sem por isso renunciar a sua transcendência sem a qual ele s3 perderia numa ideologia ao serviço do poder ( recusando-se ele mesmo, se necessário, a definir-se em termos religiosos ) . Processo que dominou a nossa modernidade através da divinização da monarquia absoluta,do derrubamento desta pela nação em armas,do progresso da indústria e da ditadura do proletariado ou ainda, por meio das ideologias nacionalistas. O sujeito é ,cada vez menos divino, mas corre o risco cada vez maior de se perder na secularização – e mesmo de se tornar uma arma ideológica ao serviço de um nacionalismo extremo.

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